Novamente a Casa caiu: critérios de intervenção e narrativas sobre o uso da Casa da Feitoria
Resumo
A trajetória da antiga Casa da Feitoria Velha, hoje Casa do Imigrante, em São Leopoldo (RS), apresenta relações com as culturas afrodescendente e teuto-brasileira e, também, com as suas materialidades ao longo do tempo. A Feitoria contava com mão de obra escrava e foi desativada em 1824, ano em que chegaram os primeiros imigrantes alemães, que foram ali alojados. O tombamento em nível nacional foi proposto em 1937. A propriedade passou à Prefeitura Municipal e o arquiteto alemão, Theo Wiederspahn, contratado para realizar a obra de recuperação, foi acusado de ter transformado a casa luso-brasileira original em uma casa de enxaimel alemã. Em abril de 2019, a Casa desabou novamente, retornando à situação de quase oitenta anos atrás. Urge discutir os critérios de intervenção e as narrativas que a Casa vai representar. Escravidão e imigração tiveram-na como cenário, o que torna a Casa um lugar emblemático e representativo da realidade brasileira.
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