Duas guerras em narrativa e a memória como transmissão cultural: uma leitura histórica do romance A primavera voltará (Brasil, 1949)
Resumo
Este artigo problematiza historicamente as encarnações da guerra no romance A primavera voltará (1949), que construiu encontros entre duas guerras (a dos personagens e a dos leitores), que marcaram – uma por vivência, outra por transmissão cultural – a geração da escritora Emília Dantas Ribas (1907-1978). Enfoca-se um salto operado na narrativa, no capítulo IV, que dá lugar a um romance histórico centrado no Cerco da Lapa, episódio da Revolução Federalista de 1894 no Brasil. Encontra-se vestígios das interfaces assumidas entre memória coletiva e literatura, que na época era valorizada pela capacidade de documentar a realidade regional/nacional. A partir da perspectiva metodológica disposicional da História Intelectual, objetiva-se situar um repertório de disposições sociais, ligadas ao catolicismo, magistério e cidadania pela assistência social, que atravessou as relações das mulheres de elite com a Segunda Guerra Mundial, bem como pontuar o cinquentenário da Revolução Federalista como evento na configuração intelectual paranaense dos anos 1940.
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